JORNALISMO x REALIDADE

Postado por Trolha de São Paulo On 07:52 0 comentários
Como editor da Trolha de São Paulo, cumpre-me estabelecer aqui um linha separando jornalismo e realidade.

A história é a seguinte.

Na primeira quarta-feira de dezembro, como é de costume, a Casa Branca, sede do governo ianque, abre suas portas para crianças de todos os lugares dos EUA ajudarem o presidente a decorar o lugar com enfeites de Natal.

Olha só a Michelle, mulher do Obama, fazendo social com uma criancinha.

O cachorro se chama Sunny. Ele é um filhotão, brincalhão como todo filhote é. E ele adora crianças, mas não tem consciência de seu tamanho, força e entusiasmo.

A criança da foto é Ashtyn Gardner, ela tem dois anos de idade e é de Mobile, no Alabama.

Mobile tem passado racista. Na Guerra Civil dos EUA, era parte dos Confederados e, no começo do século XX, era daquelas em que brancos e negros não andavam pela mesma via de jeito nenhum porque, naquela época, a segregação era garantida por lei.

Ok.

Por outro lado, a Justiça de Mobile, em 1963, forçou um colégio a admitir três alunos negros que havia recusado. Parece pouco, mas foi um daqueles primeiros e importantes passos que levaram, um ano depois (em 1964), ao fim da segregação legal com o Ato do Movimento Civil.

Mobile, alíás, elegeu um prefeito negro em 2005.

Sam Jones foi engraxate na prefeitura nos anos 50. Ele guarda memórias de uma Mobile em que negros eram vendidos como escravos nas docas do porto. Ele se lembra da época de engraxate, em que não havia político negro e nem policial negro de quem ele pudesse engraxar os sapatos.

Jones foi eleito por voto popular em 2005 e reeleito em 2009 - sem que houvesse candidato de oposição.

Porém, Jones sabe quem foi o Michael Donald de Mobile - um garoto de 19 anos, linchado e assassinado por um bando de homens brancos - porque viu o que aconteceu com ele há 30 anos. O corpo morto de Michael ficou pendurado por dias em uma árvore da avenida Herndon e, quando ele foi finalmente retirado de lá, em uma manhã de março, Jones estava lá e viu tudo.

Se ele estivesse na Casa Branca na última quarta, veria a cena abaixo acontecer e entenderia: cachorros, crianças, filhotes, todos juntos, dá merda. Eu me lembro de uma vez, quando eu era criança e tava de visita na casa do patrão do meu pai, e levei o poodle do cara pro banheiro e ensaboei o coitado com xampu.

Eu já era mais velho que a Ashtyn e, por isso, era mais ligeiro. Ela ainda não sabe que filhotes gostam de pular na gente e aprendeu isso com Sunny, do mesmo jeito que eu aprendi com a dálmata que meus pais tinham, a Lili, que vivia jogando meu irmão no chão.


Isso é realidade: uma cena em movimento e todas suas interpretações inclusas.

E jornalismo, o que é?

É estar ciente de toda a história e, ainda assim, usar apenas a imagem abaixo.


E, ainda por cima, editar a foto de modo a tirar os sorridentes: o general ali embaixo do quadro e a japinha de azul entre os câmeras.

Ia ficar assim.

Isso é jornalismo.

Não é realidade, mas é jornalismo.

Não confunda uma coisa com a outra, ok?

hell yeah!

Postado por Trolha de São Paulo On 07:52 0 comentários

Meia Hora SP

Postado por Trolha de São Paulo On 11:50 0 comentários

Tavam careca de saber


Descanse em paz, Doutor

Postado por Trolha de São Paulo On 06:46 0 comentários
Saiu assim na Placar
Naquele comecinho dos anos 80, pra um moleque que nasceu em 1973, Sócrates e Corinthians eram a mesma coisa.

O Cascão era corintiano.

Eu lia tudo da Turma da Mônica e tinha isso: o Cascão e eu torcíamos pro mesmo time.

Hoje isso talvez pareça pouca coisa, mas, quando começou aquela novela em que o Doutor foi vendido para a Fiorentina, era o Cascão que gritava por mim: NÃO DEIXEM O DOUTOR IR EMBORA! E, quando a novela chegou ao fim, era como se não fosse verdade.

Além do Cascão, eu tinha outros amigos - esses, de carne e osso- que eram corintianos. Eu morria de inveja do Adriano, filho do Luiz Fernando, um amigo do meu pai, que era radialista em Poços de Caldas e, por isso, conseguiu tirar uma foto com o Doutor lá no estádio da Caldense. A foto ficava naquele mesmo quarto em que a gente viu as transmissões misteriosas da manifestação pelas Diretas Já - em que ninguém explicava direito o que era.

Minha primeira bola de futebol - a primeira de todas, aquela que vira uma companhia para uma criança - tinha um autógrafo do Sócrates. Vinha assim de fábrica.

Autógrafo do Doutor, de verdade, eu só consegui muitos anos depois, quando um amigo meu, o Ricardo Gozzi, lançou o livro que escreveu - junto com o Magrão - sobre a Democracia Corintiana.

A festa de lançamento foi no Bar Brahma, bem no coração de SP e, quando cheguei lá, pude dividir uma mesa com os dois autores. A gente bebeu cerveja, falou merda e deu risada por tempo bastante pra que aquele momento fosse memorável.

O Ricardo botou na dedicatória do livro "para meu amigo fê, um beijo na bunda". O Doutor olhou aquilo antes de assinar, deu risada da cara da gente e assinou "ao Fernando, um pouco mais sério, um abraço do Doutor Sócrates".

Hoje, 4 de dezembro de 2011, o ídolo do meu coração corintiano morreu. Vivo dizendo que os culpados por eu ser corintiano são o Cascão, Sócrates e meu pai. Não desmerecendo ninguém, mas, sem Sócrates, não ia rolar.

Hoje à tarde, o Corinthians pode vir a se tornar campeão brasileiro pela quinta vez.

Com Sócrates, nunca ganhamos um brasileirão. Ganhamos e perdemos tudo, mas sempre com democracia.

Sócrates não era o capitão do Corinthians, mas era o capitão da seleção do Telê - de longe, a melhor seleção que vi jogar.

Se o Corinthians levar o campeonato hoje, vai ser bem parecido com aquele poema do Walt Whitman que o filme "sociedade dos poetas mortos" fez virar caricatura.

Povo, exulta!
Sino, dobra!
Mas ó coração, coração!
Capitão, querido pai,
O sangue mancha o timão do navio.

Adeus, Magrão.

sobre as merdas que falamos

Postado por Trolha de São Paulo On 12:46 0 comentários
(fonte: forbes.com)
Ninguém beijou
Antes, o líder do pelotão já havia dado ordem de "preparar" e de "apontar"


Neste dia, a mulher de Joe Hill chorou

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